214. Suor e grades

Não há consolo
para as estações de calor
amontoados
os suores dos outros não nos refresca
nas promessas de um dia melhor,
após qualquer outro,
somos nossos corpos quentes
que, a cada suor, são novos.

Destes que se liquefazem
para escapar pelos poros
entre as grades do que
em qualquer corpo
já tornou-se jaula.

Sob essa multidão de barras
um eu presídio,
é, apenas por força das massas,
de todas as substâncias de nós mesmos,
a mais estranha, nosso corpo.

3 comentários:

Felipe Lobo dos Santos 15 de abril de 2010 às 22:41  

Antes:

Sob essa multidão de barras
só se for outra substância
de mim mesmo

Felipe Lobo dos Santos 18 de abril de 2010 às 23:42  

de esgueirar-se para escapar

Preta Guerra 22 de abril de 2010 às 08:44  

Esse poema é à Salvador. (inclusive em dias de chuva)

"substância de nós mesmos"
O que é o suor se não nós?
E todas as substâncias que exalamos, se não nós?
O corpo, um corpo estranho, um pouco de mim.

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A Lógica é a genética da preguiça de criar, e a criação precisa de intensidade sendo o exercício do impossível imediato, mas, às vezes, porque não sermos um pouco indolentes?

Não 'creio' na Lógica por causa dos Ateus. Os mais consistentes propagadores das leis de Deus.

Mesmo não sendo parnasiano...

“Fuja da abundância estéril desses autores, e não se sobrecarregue com um pormenor inútil. Tudo que dizemos a mais é insípido e degradável; o espírito saciado repele instantaneamente o excesso. Quem não sabe moderar-se jamais soube escrever.”

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