Não há consolo
para as estações de calor
amontoados
os suores dos outros não nos refresca
nas promessas de um dia melhor,
após qualquer outro,
somos nossos corpos quentes
que, a cada suor, são novos.
Destes que se liquefazem
para escapar pelos poros
entre as grades do que
em qualquer corpo
já tornou-se jaula.
Sob essa multidão de barras
um eu presídio,
é, apenas por força das massas,
de todas as substâncias de nós mesmos,
a mais estranha, nosso corpo.
214. Suor e grades
quinta-feira, 15 de abril de 2010
3 comentários:
Antes:
Sob essa multidão de barras
só se for outra substância
de mim mesmo
de esgueirar-se para escapar
Esse poema é à Salvador. (inclusive em dias de chuva)
"substância de nós mesmos"
O que é o suor se não nós?
E todas as substâncias que exalamos, se não nós?
O corpo, um corpo estranho, um pouco de mim.
Postar um comentário