259. Mistério

Respondo a quem eu sou com o mistério...
Será o mistério o mesmo sempre?

257. Cuidado de si II

Porque tenho que suportar
o peso que ninguém mais suporta?
O que será,
se só posso confessar
isto em delírio?
É esperar de mim
o que não se espera de ninguém mais?
Estarei ou serei louco?
Se estiver ou for
Só aceitarei o diagnóstico de outro,
Por que,
Se você estiver disposto a mim,
eu nunca desmoronarei!

255. Cuidado de si

Eu que sou incompetente
em cuidar de mim
que só sabia pedir favores
a pessoas responsáveis
para poder cuidar dos outros...
Perdido,
Encontrei-me bêbado,
para depois, em busca do álcool
colocá-lo na cabeça
por medo de enlouquecer.
Estive o tempo todo assim...
Como tive tempo para me embebedar?
Minha segurança é,
De quando não fizer mais efeito,
que inventar vícios
é o primeiro talento
daqueles que se encontram sóbrios!

254. Nos bancos das escolas

Adoro a inteligência genuína...
Dessas que dificilmente
(não é que não se faça)
se faz com o achatamento
das bundas nos bancos das escolas...
Se fosse tão comum,
as bundas teriam
a mesma inteligência dos bancos...

252. Emaranhado

Uma gota dissolve o mundo
em todos os seus projetos possíveis
fabrica,
estendendo sobre todo o acaso,
o tempo em série
pela a oposição das densidades...

Fazer uma coisa de cada vez
para ficarmos transbordados
não havendo vestígio de engasgo
com a massa de nossas angústias,
mas tem de ser mais pelos nós que desatamos
que o tecido é o mais compacto...

Que seja mesmo um emaranhado,
pois os nós que não desatamos,
temos de aprender a chamar de laços!

251. Leitura II

A alucinação paira como fumaça insignificante,
por isso é o bastante para vertiginar
aquilo que em nós comunica...

Existe alguma viagem que não é antecedida por alguma expectativa?
Para estas
a fumaça faz existir no somente agora...

251. Leitura

Leio para enredar meus amores táteis nos livros,
ao invés dos cigarros...
Tendo que deles salvá-los,
mas está a antecipação
que escapa de mim antes que a fumaça
do que as cinzas contorce deles letras...

Se é todo o sentimento,
não sei mais se são queimaduras
sinalizadas nos contornos da fumaça,
ou se são as palavras impressas através das membranas
que nos separam dos olhares...

250. Linguagem

A linguagem,
acordo dos imaginários,
fingindo uns para os outros
que entendem-se,
que acordaram
a si próprios,
confortados
por uma pretensa cadência
de suas emergências...

A linguagem finge
e diz a memória
para esquecermos
quando a história
só aponta
para o agora.

249. Persistência da memória

As árvores vivem por tanto tempo
que esquecemos que estão vivas,
construímos em volta de suas folhas
sem ampará-las,
creio que esquecemos que estamos,
apenas,
vivos.

Por sua persistência,
Não temos como conduzir nossas memórias ao lado das árvores.
Não entendemos que
o cair das folhas
deveria ser cura de nossas regras.

248. Produção

Em escala de produção lisérgica,
o êxtase reproduz o prosaísmo.

246. No rancho da Candoca

Numa janela da sede do rancho,
ela olha a vida enquanto a vida a olha.
Nunca é demais repetir seu nome.
Candoca, dá um aceno para a vida!

245. infiltração

O que aconteceu é que a água
amadurece de tanto ser cultivada
debaixo da terra.

O que acontece é que a água
apodreceu com a infiltração
do nosso trabalho.

A Lógica é a genética da preguiça de criar, e a criação precisa de intensidade sendo o exercício do impossível imediato, mas, às vezes, porque não sermos um pouco indolentes?

Não 'creio' na Lógica por causa dos Ateus. Os mais consistentes propagadores das leis de Deus.

Mesmo não sendo parnasiano...

“Fuja da abundância estéril desses autores, e não se sobrecarregue com um pormenor inútil. Tudo que dizemos a mais é insípido e degradável; o espírito saciado repele instantaneamente o excesso. Quem não sabe moderar-se jamais soube escrever.”

Nicolas Boileau-Despréaux
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O Conteúdo...

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