101. A pele do labirinto II

Se qualquer ariadne
quiser ser como mãe
para algum teseu,
dando-lhe um novelo de ouro,
deve, ao mesmo tempo,
adotar um minotauro
e domesticá-lo
que todo minotauro
é mais dócil
que qualquer teseu.

Se se deixa embriagar
por algum dionísio
é porque crê que pode
domesticá-lo com esse mesmo fio
que sempre o permite regressar
sem se lembrar que
o semelhante, já havia rompido,
o cordão umbilical
dos deuses,
tendo se tornado,
entre todos os mortais,
apenas mais um deus.

7 comentários:

Felipe Lobo dos Santos 17 de abril de 2009 às 23:56  

Coloquei mesmo entre esse e fio

Felipe Lobo dos Santos 18 de abril de 2009 às 00:15  

Troquei Se se impressiona por Se se deixa embreagar por causa da referência romana, Baco, o deus do vinho.

Felipe Lobo dos Santos 18 de abril de 2009 às 00:29  

Revisão: após dias com erro ortográfico, embreagado, modifiquei para a forma usual, embriagado. Creio que é em função da origem latina ebrius, que creio ter origem em hybris (grego para ir além da medida humana - a origem da tragédia).

Preta Guerra 18 de abril de 2009 às 21:02  

Você, embevecido pelos mitos...

Felipe Lobo dos Santos 19 de abril de 2009 às 05:15  

Tenho sido muito hermético... Isso é uma defesa. Quero ser cotidiano e intenso, por enquanto, isso não 'transborda do corpo'.

Felipe Lobo dos Santos 19 de abril de 2009 às 21:47  

Como vocês devem saber, Ariadne (aqui no minúsculo representando qualquer mulher) apaixonou-se por Teseu, mas este apenas a 'seduziu' (a medida em que ela permite ser seduzida) para vencer o Minotauro e poder sair do labirinto, ou seja, deste exercício do poder de sedução. Teseu representa o ideal banalizado de beleza e o Minotauro, a descoberta.

Felipe Lobo dos Santos 19 de abril de 2009 às 21:49  

Ariadne, que segue iludida com o ideal de beleza, se casa com Dionísio, mas este é apenas um consolo para o seu vazio.

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