Uma mulher dos setenta
me ensinou a dizer gostosa
na voz de Waly Salomão.
De um tempo estranho,
um lugar que já era estranho...
Nesse, na insistência de uns seus versos,
que aprendi a incorporar as saudosas entrelinhas.
234. Réquiem aos anos 70
232. O gênio das pequenas coisas
O gênio das pequenas coisas
não realiza desejos,
a não ser
cala-te contigo
durante os silenciosos-mantras.
Espanta os males
sem precisar cantar.
231. Um luxo único
A morte é um luxo,
um luxo único da vida para os que podem!
Os pobres simplesmente 'apobrecem'!
230. Luzidos
Se meus olhos ficarem impregnados
é com as luzes que vou banhar nossos filhos,
esses que crescem nos ventres
dos olhares desencontrados?
229. Felicidade para todos
A felicidade do humano
só é diferente da dos animais,
pois o primeiro
aprendeu para si
e para estes demais
como deixar de amar.
228. Desconversar
Vim para o mundo
e as formigas já tocavam suas antenas
ao dar de cara.
Ao partir
sei que levarei todo o tempo,
pois que elas só fazem desconversar!
227. Encordoamento
Para os que encordoam-se,
não faltam nós,
principalmente,
na garganta,
como se
apropriados
para os bambos instrumentos da vida.
226. Amor eterno
Em exposição no “Museu dos Dispositivos Impraticáveis”, o Amor (eterno). Ao lado da peça podemos ler: nome fantasia para a fórmula patenteada por um cupido safado do 'combustível' para uso exclusivo em moto-perpétuos produzidos em série!