Só poderei te chamar irmão,
se a carta que te escrevo,
for como um buraco
em alguma de minhas peles.
Não porque dele vaze nada,
mas pela necessidade de reconstituí-la
tão surreal quanto antes,
mantendo a transparência
sem que me torne invisível,
ao valor paradoxal
que a partir dela
posso sentir da família.
Um enchimento,
constituído tão somente de pele,
que não permite que meus ossos
atravessem minhas outras peles,
Que não sejam esquelético anúncio da visita,
na adolescência de minha maturidade.
Para que eu possa continuar apertando forte
os ossos de suas mãos
nos nossos renascimentos,
nos nossos encontros,
até as 'desnacenças'.
Ao final desta carta,
te chamarei de irmão,
e poderei dizer que contigo aprendi,
por saber que vamos nascendo do mesmo ventre,
que não vou morrer, mas desnascer
ao lado da minha família,
e daqueles que escolhi para estarem ao meu lado,
isso porque descobri que,
de simplesmente existirem
que é possível desengravidar a existência.
151. Sobre o soneto inexistente de meu irmão para mim
segunda-feira, 10 de agosto de 2009
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