93. Do gênero da Esfinge


Não te decifro,

porque devora-se

Como toda mulher,

que antecipa-se

mãe da gravidez de sua filha.

Se reconheço sua descendência

é por devorar-me enquanto Édipo.


Quais dos mitos são sagrados

por devorarem, espontaneamente,

quem deles se aproxima?

Se o fossem, seriam homens,

Assim, obviamente, sacrilegos,

numa avenida do desfile de esfinges.


Sua beleza,

de peito de leoa,

rabo de serpente

e asa de águia

cabeça leal à natureza,

de ser mulher,

de ser legítima esfinge francesa,

é que seu mistério

mesmo desvendado,

nunca foi devorado,

pela história dos homens,

na dietética dos seus livros.


Quem dera

mesmo sendo homem

ser olímpico,

mais do que quimérico,

Ser soberano,

mais que a voz inaudível das

tiranias para os

últimos das multidões.


Ser Narasimha

dos mil braços pacificados,

em armas,

para com a juba em Sol,

ao vento de todos os deuses,

ser o único gênero da Esfinge.



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A Lógica é a genética da preguiça de criar, e a criação precisa de intensidade sendo o exercício do impossível imediato, mas, às vezes, porque não sermos um pouco indolentes?

Não 'creio' na Lógica por causa dos Ateus. Os mais consistentes propagadores das leis de Deus.

Mesmo não sendo parnasiano...

“Fuja da abundância estéril desses autores, e não se sobrecarregue com um pormenor inútil. Tudo que dizemos a mais é insípido e degradável; o espírito saciado repele instantaneamente o excesso. Quem não sabe moderar-se jamais soube escrever.”

Nicolas Boileau-Despréaux
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