O que representa o minotauro senão
a avareza de vida
da velhice prenhe de inveja
do terror da tradição à
beleza da juventude,
não do jovem.
Não será isso que a psicanálise
põe nas nossas cabeças,
chifres?
O buraco é mais embaixo
que o buraco da psicanálise,
que nasceu com o cu no pé.
E no mais
só sabe por cu no próprio cu.
Sem chifres,
sem cascos,
sou um corpo livre de personagens
com eles,
e sempre por eles,
sou um minotauro
com pathos, sou sem meios termos
descendente da avareza
um corpo mutilado pela inveja,
dos nossos descendentes, caquéticos
são rugas que,
por necessitarem de uma essência
chamam de almas.
Somos mais que
a simples fragrância
lançada, por descuido, num poço,
somos o labirinto sem paredes de nossa pele.
Não sendo desérticos,
somos na pele do labirinto,
a regurgitação do minotauro,
porque se somos mais,
somos totalmente indigestos a estes,
que nos querem devorados,
que foram nossos aliados,
que pisam em nossos brios,
e nos dizem que são nossos verdadeiros eus.
Sendo mais de muitos eus,
não posso ser chamadado de um,
nem de nenhum para qualquer eu.
Se sou da cabeça de Teseu,
serei sua vasta cabeleira,
que esconde os chifres
que de todos os Teseus
também serão minotauros.
Se for transbordante,
se for espontâneo,
serei a multidão de piolhos
que infesta a cabeleira do herói
romântico,
ou, mesmo
o que combate
a vaga que
leva as almas
e deixa os corpos
Num Cemitério dos Vivos.
Serei eu,
na jogatina das estrelas,
como o mesmo velho lôbo,
para todos,
os mesmos santos.
Serei, num passado distante,
a impossibilidade esfíngica
de um herói ecológico.
E é lógico, não serei,
se poético,
tão preso aos maneirismos,
como antes.
90. A pele do labirinto
domingo, 29 de março de 2009
7 comentários:
Colocarei uma versão ampliada e revisada às 14:28.
Em serei a multidão de piolhos, troquei o enxame por a multidão.
Modifiquei e deixa os corpos vivos para e deixa os corpos e acrescentei Num Cemitério dos Vivos. (Que é uma obra de Lima Barreto)
troquei:
ou, mesmo a vaga que
por
ou, mesmo
o que combate
a vaga que
porque a vaga é a onda normalizante que detêm os corpos nos manicômios.
Para sou um corpo livre acrescentei de personagens. Acrescentei com eles, e sempre por eles,
Mudei o título de Na pele... para A pele...
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